Flagrantes seguidos de sexo no carro em Campo Grande têm a ver com fetiche, diz psicólogo
Nos últimos nove dias, Campo Grande testemunhou três episódios de casais fazendo sexo em carros, graças a flagras que ganharam destaque. Para muitos, surge a pergunta: “Por que, quando ocorre um caso, vários outros seguem em sequência?” Esse fenômeno não é exclusivo de atos sexuais em público, pois já vimos tristes ondas de feminicídios, incêndios criminosos e ataques em escolas. Mas, o que explica essa repetição de comportamentos?
A Teoria do Gatilho
Uma teoria baseada em estudos científicos sugere a ideia do “gatilho”. Quando uma prática sexual em público é exibida, pode acionar desejos reprimidos em outras pessoas. “As fantasias sexuais são, na maioria dos indivíduos, conteúdos reprimidos por razões sociais, familiares e religiosas, geralmente praticadas em privado. No entanto, quando ocorrem casos de sexo em público, alguns gatilhos podem ser acionados, especialmente se esses desejos estão no inconsciente do indivíduo,” explica o psicólogo André.
Realização de Fantasias e Contexto Social
Segundo André, realizar uma fantasia sexual depende da natureza da relação, da confiança entre os parceiros e do desejo mútuo. Fatores como fetiches, crença na impunidade e uso de substâncias podem desencadear comportamentos como os que ocorreram recentemente. “A vontade pode se intensificar com o uso de substâncias psicoativas, como álcool, cocaína e cannabis. Socialmente, muitos acreditam na impunidade frente aos agentes de repressão, como a polícia e o judiciário. Além disso, algumas pessoas possuem traços exibicionistas ou desvios na conduta social, e para outras, pode ser apenas um fetiche,” detalha Senna.
Arquétipo Coletivo e Comportamento Sexual
A repetição desses atos pode estar ligada ao conceito de “arquétipo coletivo sobre a sexualidade humana”, um termo de Carl Jung que descreve padrões de comportamento reconhecidos universalmente, como o arquétipo da mãe ou do herói. “No caso de sexo em público, o arquétipo pode estar relacionado ao amante sedutor, alguém que busca o êxtase sexual sem considerar as consequências, ou ao exibicionista, que desconsidera normas sociais e éticas,” pondera o psicólogo.
Exposição da Intimidade e Questões Éticas
O verdadeiro problema, segundo André, não é fazer sexo no carro, mas expor a intimidade sexual a estranhos. “Pode ser no carro, no telhado ou numa praça pública – o que importa é a exposição da intimidade. Isso pode indicar uma falta de consciência ética e um prejuízo no juízo de valor. Quando o senso crítico está comprometido e um pensamento mágico é exaltado, algo está desarmônico no indivíduo,” argumenta.
Influência das Facilidade Digitais
Outro ponto relevante são as facilidades digitais que permitem o acesso a conteúdos sobre desejos e práticas sexuais não convencionais, o que reforça o inconsciente coletivo. “Se essa hipótese estiver correta, estamos diante de um comportamento que não é normal para uma sociedade racionalmente esclarecida. Sexo em público pode refletir uma desarmonia na vida do indivíduo ou do casal, onde o olhar do outro se torna mais prazeroso do que o próprio ato sexual,” conclui André.
Reflexões Finais
Esses episódios em Campo Grande são mais do que eventos isolados; eles refletem complexas dinâmicas psicológicas e sociais. Entender os gatilhos e os fatores subjacentes a esses comportamentos pode ajudar a sociedade a lidar melhor com tais fenômenos e promover uma convivência mais harmônica e respeitosa.