Cardume com até 200 tubarões é avistado no litoral de SP
Uma grande concentração de até 200 tubarões foi avistada nesta quarta-feira, 19, pela equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na região do Arquipélago de Alcatrazes, uma unidade de conservação marinha no litoral norte de São Paulo. Nos últimos anos, já vinha sendo observado um aumento no número de tubarões na mesma área que atrai turistas para a observação de baleias. Segundo especialistas, esse fenômeno está relacionado à ampliação da área protegida com a criação da Reserva de Alcatrazes e à maior fiscalização contra a pesca, proibida no entorno do arquipélago.
A equipe de mergulhadores do ICMBio ficou impressionada com a quantidade e diversidade de tubarões avistados ao retornar da jornada no mar no fim da tarde. A chefe do Núcleo de Gestão Integrada do ICMBio, Thais Farias Rodrigues, declarou que em dez anos de trabalho em Alcatrazes, nunca havia visto uma concentração tão grande e variada de tubarões, incluindo espécies como os tubarões-martelo, que podem chegar a mais de 4 metros de comprimento.
Segundo Thais, o aumento na área protegida da reserva e o combate à pesca ilegal são os fatores que explicam o retorno dos peixes e, consequentemente, dos predadores como os tubarões à região. O arquipélago de Alcatrazes, localizado a 35 km da costa de São Sebastião, é um local muito apreciado pelos mergulhadores, que agora também buscam avistamentos dos cardumes de tubarões, além das baleias-jubartes que frequentam a área nesta época do ano.
Um estudo realizado pelo Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar/Unifesp) entre 2022 e 2023 identificou sete espécies diferentes de tubarões no entorno do arquipélago, sendo o tubarão-mangona considerado “criticamente ameaçado” em âmbitos regional, nacional e mundial. O fortalecimento da fiscalização e a ampliação da área protegida em 2016 são apontados como os principais fatores que explicam o aumento da abundância de peixes e animais marinhos na região.
A Reserva de Alcatrazes é a maior unidade de conservação marinha de proteção integral do Sul e Sudeste do Brasil, abrigando cerca de 1,3 mil espécies de flora e fauna, além de 250 espécies de peixes. Após pressão de ambientalistas, o arquipélago se transformou em Refúgio de Vida Silvestre em 2016, deixando de ser alvo de exercícios de tiro da Marinha, que anteriormente destruíam ninhos e afastavam as aves do local.