Quebrando o silêncio e encorajando: “Se precisar, peça ajuda”
Discutir saúde mental é um desafio nos dias atuais, mas é fundamental quebrar o silêncio e abordar esse tema. Muitas pessoas estão enfrentando angústias neste momento, sem saber como começar a lidar com isso. Várias questões se acumulam no subconsciente, transformando a vida em um fardo, quando na verdade a vida deve ser vista como um presente valioso.
No Brasil, setembro se tornou o mês dedicado a essa discussão desde 2015, com diversas entidades buscando informar a população sobre o assunto, usando a cor amarela. Assim nasceu o “Setembro Amarelo”. Essa mobilização internacional teve origem nos Estados Unidos após a trágica morte do jovem Mike Emme, de 17 anos. Sua família e amigos não perceberam que ele precisava de ajuda, e ele acabou tirando a própria vida.
Recentemente, a família de Mike deu uma entrevista, compartilhando a dor da perda, que nunca se apaga para eles. No entanto, ao ver a mobilização gerada pela morte do filho e o desejo de ajudar outras pessoas a enfrentar problemas semelhantes, essa dor se transformou em uma missão de apoio ao próximo.
Histórias como essa estão por toda parte. Como mãe, esposa e primeira-dama do Estado, sinto a responsabilidade de falar sobre o tema. Quero encorajar as pessoas a se atentarem mais aos outros. Não se trata de cuidar da vida alheia, mas de perceber sinais que podem indicar que alguém próximo está sofrendo. Da mesma forma, incentivo aqueles que estão enfrentando dificuldades a procurar um lugar seguro e conversar com alguém; esse é o primeiro passo. Os sinais de suicídio são sutis e frequentemente se manifestam através da depressão, que nem sempre conseguimos identificar.
Especialistas ressaltam que a depressão é uma doença psicológica grave e frequentemente subestimada, podendo levar ao suicídio. Ela se caracteriza por alterações de humor; alguém que parece sempre alegre pode estar escondendo uma dor profunda, baixa autoestima e uma sensação de falta de esperança. As causas da depressão são variadas, incluindo fatores genéticos, perdas pessoais, desilusões amorosas e abuso de substâncias.
Essa doença pode fazer a pessoa se sentir envergonhada, isolada e rejeitada, e sua subestimação social pode levar a pensamentos suicidas como uma forma de escapar da dor. É essencial buscar ajuda profissional para o tratamento da depressão, o que pode reduzir significativamente o risco de suicídio.
Se você está enfrentando um momento difícil, saiba que não está sozinho(a). Pedir ajuda é um ato de coragem. Converse com alguém em quem confia, procure um profissional e, se necessário, ligue para o CVV: 188.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), no Brasil, 12,6% dos homens e 5,4% das mulheres a cada 100 mil pessoas morrem devido ao suicídio. A melhor forma de apoiar alguém com pensamentos suicidas é através do suporte de pessoas próximas e de profissionais. Se precisar, busque ajuda; esse é o caminho mais eficaz. Muitas vezes, não conseguimos superar nossas fragilidades sozinhos. Além da família e amigos, é importante procurar um profissional qualificado. O processo pode ser difícil, mas com determinação e fé, a superação é apenas uma questão de tempo.
Quem acompanha meu trabalho sabe que já enfrentei muitos desafios de saúde e momentos delicados. O que mais pensava era em como superar situações que não dependiam apenas de mim. Todas as doenças que enfrentei e a minha superação diária vão além da minha força de vontade. No meu caso, a fé em Deus, o apoio da minha família e a ajuda profissional foram essenciais, pois há momentos em que corpo e mente se cansam. É nesse momento que precisamos ter a humildade de dizer: “Sim, eu preciso de ajuda”.
A vida é maravilhosa e um presente diário. “Se precisar, peça ajuda.”
Virginia Mendes é economista, mãe de três filhos, primeira-dama de MT e voluntária em ações sociais do Governo por meio da Unidade de Ações Sociais e Atenção à Família (UNAF).