Ministério da Saúde incinerou R$ 227 milhões em vacinas da Covid em 2024

O Ministério da Saúde do Brasil enfrentou um grave problema de desperdício de vacinas contra a Covid-19 em 2024, conforme revelado por um levantamento realizado pela Folha de S.Paulo. De acordo com o levantamento, o ministério incinerou mais de R$ 227 milhões em vacinas da Janssen, que utilizam a tecnologia de vetor viral, devido à perda de validade desses imunizantes.
Esse valor corresponde a aproximadamente 6,4 milhões de doses de vacinas que não puderam ser utilizadas. Essa situação se deve ao fato de que, no final de 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) priorizou o uso de vacinas baseadas em RNA mensageiro, como as da Pfizer e Moderna, em detrimento das vacinas de vetor viral.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que vem adotando diversas estratégias para minimizar as perdas de estoques de insumos, mas os dados revelam que o problema de desperdício de vacinas contra a Covid-19 no Brasil é ainda mais grave.
De fato, desde 2021, o Brasil já havia queimado R$ 1,4 bilhão em vacinas contra a Covid-19, referente a mais de 39 milhões de doses que venceram sem serem utilizadas e precisaram ser incineradas, conforme dados do próprio governo.
Essa situação de desperdício em larga escala de vacinas está sendo investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura se houve improbidade administrativa por parte de agentes públicos, causando prejuízos aos cofres públicos.
Especialistas apontam que esse desperdício é consequência da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que demorou a adquirir e distribuir as doses de vacinas, enquanto ele próprio empreendeu uma cruzada contra a imunização, recusando-se a se vacinar e disseminando desinformação. Essa postura do ex-presidente foi um dos motivos que levaram à abertura de uma CPI da Covid, que culminou no pedido de indiciamento dele por nove crimes.
O total de vacinas incineradas representa quase 5% do total comprado pelo país, o que, segundo especialistas em logística na saúde, está acima do índice considerado aceitável, que é de até 3%. Esse cenário evidencia a necessidade urgente de aprimorar a gestão e a logística de distribuição de vacinas no sistema de saúde brasileiro, a fim de evitar desperdícios e garantir o máximo aproveitamento dos recursos públicos investidos na imunização da população.
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